Aconteceu hoje o segundo dia do Congresso Internacional - 50 anos do Golpe e a Nova agenda da Justiça de transição no Brasil. Durante o horário da manhã houve apresentação do Painel 2 e a exibição do filme dirigido por Angela Zoé em parceria com o Projeto Marcas da Memória da Comissão da Anistia. A exibição foi na verdade uma Pré-estréia nacional - NOSSAS HISTÓRIAS.
A mesa do Painel 2 teve a seguinte composição: Rebecca Atencio (Professora de Literatura, Tulane University, EUA); Manuel - Reyes Mate Rupérez (Filósofo, Espanha); Valéria Barbuto (Memória Abierta, Argentina); Cath Collins (Pesquisadora, Universidade Diego Portale/ Ulster University, Chile/ Irlanda do Norte).
Os debates levantados tiveram como ponto central apresentar não apenas os conceitos de cultura e memória, mas principalmente refletir como e até que ponto as ditaduras e os seus opositores buscaram preservá-la na sua ótica. Foi importante por demonstrar que ainda hoje, principalmente nos países vizinhos ao Brasil e onde o regime de repressão atuou mais intesamente esse conflito de "imposição" cultura e memória permanece forte. Memória que é (re) alimentada a cada dia desde preservação de um patrimônio público ao escutar a história de um perseguido ou familiar de desaparecido político.
Cito algumas passagens que tive o cuidado de anotar e apresentar um pouco meu entendimento, não esperando que seja um transcrição literal mas sim, uma aproximação do que foi dito durante os 25 minutos de palestras proporcionada a cada participante.
Manuel - Reyes :
"Há de existir uma proposta para que a barbárie não se repita; Esse propósito é a memória".
"O ato da memória desperta também o arrependimento".
Valéria Barbuto:
"O desafio na Argentina é fazer o jovem resgatar a historia dos desaparecidos. Essas ações são através de filmes, livros, músicas".
"O valor de tudo não esta apenas nos livros e sim nas relações constituídas como memória".
Rebecca Atencio:
"Vamos ver se a Comissão Nacional da Verdade será um "divisor de águas" na historia do Brasil".
"Não é a primeira vez que existem Comissões".
"O Brasil é um caso único em que o caminho da justiça é muito mais lento que em outros países, fazendo assim com que, a produção cultural seja mais rica por aqui".
No final da manhã tive ainda tive o prazer de fazer companhia (almoço) e uma longa conversa informal com um amigo no qual tenho ampliado a cada dia minha admiração pela capacidade de argumentação e problematização de questões dos mais variados temas. Assim, durante o intervalo o colega de debate lançou a seguinte questão: Como é que um evento de porte internacional, organizado e apoiado por instâncias federais e estaduais decidem trazer pessoas tão habilitadas para o debate e proporciona apenas 25 minutos para cada um? Por que não trouxeram ao menos dois, ampliariam o tempo de debates e direcionaram recursos para outras formas de justificar os recursos públicos investidos?
Infelizmente não chegamos ao consenso, porém, a certeza que o evento foi mais uma vez de significativa relevância e possibilitou até mesmo compararmos como no Chile ocorreu os eventos de (re) memória 40 anos depois (2013) em relação ao Brasil que agora discute os 50 anos de passagem do Golpe Civil-Militar ou para muitos a Revolução democrática.
Cícero Souza - Pesquisador do acervo DOPS.
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