"Alunos de Geografia da USP, dava aulas como precários em escolas estauduais da periferia. Saía de casa logo cedo, com uma mochila carregada de livros da faculdade e de trabalho dos seus alunos. E até a meia-noite, ele se dividia com alunos e professor. Magro, barbudo, roupas amassadas, sempre duro, mas dedicado, profundamente dedicado ao magistério, ele representava o modelo de professor, da década de 70".
(Vicentini & Lugli.História da profissão docente: representações em disputa. São Paulo: Cortez. 2009. p.200).
No último domingo o programa FANTASTICO fez o que tenta fazer de melhor "espetacularizar" uma realidade que é mais do que real no Brasil e que até para eles mesmo seria simplesmente solucionada a partir de projeto como o "Amigos da escola".
O descaso com a nossa educação é sim escandaloso, e definir quando chegaremos a uma solução é o que pouco sabemos. Diante os descasos da falta de estrutura e ausência na qualificação e remuneração dos atuais professores temos também a cumplicidade de grande empresas que visando fazer vantajosas parcerias com o estado vendem produtos que interessam a poucos. Diante altos índices de analfabetos funcionais o que temos são programas implantados por empresas privadas bancadas com recursos públicos onde os resultados são mais do do duvidosos. Como esperar que uma criança deixe o fundamental I alfabetizada e dominando as principais disciplinas que serão exigidas no fundamental II? Como trabalhar com uma criança do 6º ano se ela foi aprovada simplesmente por que a escola precisa dos números para continuar recebendo o Projeto nivelamento e manter no quadro os professores (amigos) contratados? E como não manter um projeto se os pais precisam da declaração para o Bolsa família e assim receber o benefício mesmo que o filho não saiba escrever o próprio nome? Quanto o professor? e dai que ele seja obrigado a manter o aluno em sala, mesmo que aquele garoto permaneça dormindo na carteira o achincalhando o coleguinha; afinal, o bullying não é mais grave do que números positivos para o governo e a própria escola.
Continuamos preparando mal os professores, continuamos preparando mal nossos jovens, permanecemos sem um projeto de Política educacional e pior ainda, continuamos elegendo as mesma pessoas e eles nomeando os mesmo amigos para brincarem de "educar as pessoas".
Cícero Souza - Professor /pesquisador do acervo DOPS
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