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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Eles acreditaram !

Apresentação do Projeto Anual (Jogo do emprego) 


           Eles eram jovens, eram imaturos e como a grande maioria pouca esperança tinham em acreditar que haveria um futuro melhor. Naquele período, apesar de atuar a um bom tempo na área de ensino eu ainda era um sonhador, acreditar ser possível fazer de cada sala de aula um "laboratório", acreditava ser possível tornar as relações no ambiente escolar bem mais humano.
         Pois bem, éramos sonhadores. no primeiro ano de trabalho parecia que nada daria certo, a proposta de um Projeto em que faríamos uma análise da obra do Josué de Castro (Homens e caranguejos) e relacionaríamos ao contexto vivenciado no bairro foi pouco produtivo; talvez para eles, para mim era apenas o início. Nos anos seguintes parecia que tudo que eu falava começava a fazer sentido, se antes "não tinham sonhos" agora, pelo menos começam a tentar sonhar.
    O ano de 2009 e 2010 os resultados foram colhidos. Depois de oito meses de trabalho e produção os alunos do 2ºano / Médio da Escola Frei Romeu Peréa foram destaques na matéria do Diario de Pernambuco do dia 01/09/2009. A matéria  "Jovens ensinam o caminho do emprego" publicado no periódico mostrava para toda sociedade que eles não apenas se re(descobriram), mas procuravam mostrar que existiam e tinham sonhos possíveis.
     O ano de 2010 mais uma vez foi o marco para aqueles alunos, agora o desafio não era apenas reafirmar o que outros haviam construídos mas também mostrar que eram capazes de serem ainda mais criativos; tamanho desafio teve como resultado final a publicação no DP (19/12/2010) do Projeto "Jogo do emprego", atividade didática essa apresentada a toda sociedade sob o título "Jogo ajuda na busca por um emprego". As duas matérias reacenderam duas certezas: Eles sempre existiram e que eu deveria continuar acreditando na capacidade daqueles alunos matriculados em mais uma escola pública.
       Não tinhamos tablets, pouco me interessava o bônus. O que havia era um compromisso e a certeza que era possível fazermos diferente e melhor. Como também uma forma de mostrar aos gestores públicos que mesmo eles sucateando o ensino público uma escola feita por pessoas compromissadas consegue construir mentes capazes de pensar e acreditar em um futuro melhor. Lutamos e buscamos apoio dos familiares, mas o que mais percebi naquele momento é que os próprios alunos "queriam também ajuda", queriam mostrar para mim, para os seus colegas, para os outros professores, para sua comunidade que eram capazes, capacidade essa tão intensa que conseguiram ocupar por dois anos seguidos uma página inteira do jornal mais antigo da América-latina.
         Eles acreditaram. Acreditaram no meu trabalho diário em sala de aula. Eles acreditaram no conjunto de professores que faziam aquela instituição, mas acreditaram principalmente na própria capacidade de mudar. Hoje, praticamente todos estão ocupando postos de trabalhos em empresas privadas, estão tomando decisões, como também concluindo seus cursos em faculdades privadas ou públicas. 
        Obrigado a todos por acreditarem em mim, por me fazerem sentir a cada amanhecer que é justo trabalhar com seriedade, procurar fazer o melhor mesmo que os resultados só apareçam quase uma década depois.

Cícero Souza - Professor e pesquisador do acervo DOPS.




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