Cartas, Letters, Lettres, Letras: Entenda o que é racismo recreativo, Lei de cotas e outras questões.

Fonte: Sou negra. Fraga, Jaqueline. Google imagem

Na tarde do último dia 16 a Seleção Brasileira realizou mais do que um jogo rumo preparação as Eliminatórias para a Copa de 2026 (EUA/México/Canadá), na verdade, a partida teve como ponto principal articular uma mensagem (ou resposta oficial) dos principais órgãos de gerenciamento do nosso futebol as recentes ofensas sofridas pelo jogador Vinícius Jr (Real Madrid e Seleção Brasileira) em gramados europeus. Mas, como a questão racial é tratada e vivenciada no Brasil?

Atualmente, é de reconhecermos dois pontos: que a nossa legislação tem apresentado avanços com medidas que visam combater práticas preconceituosas. Como também, até mesmo no âmbito do Congresso vez ou outra surgem medidas que marcam tentativa de retrocesso e uma "legislação mais branda" para crimes de racismo. Mas, as Leis de cotas, estudos e novos conceitos estão aí para serem conhecidos, analisados e aplicados!

Mas, em qual exato momento deve começar a discussão? Na escola, em casa? Via meios de comunicação ou a partir do mercado editorial com abertura de um espaço a divulgação de uma literatura também produzida por autores afro-descendentes?

É bem verdade que ao longo das últimas décadas temos assistido medidas afirmativas (são um conjunto de políticas públicas desenvolvidas por governos, que podem ser também aplicadas pela iniciativa privada com o objetivo de reverter as desigualdades na sociedade para proteger determinados grupos e minorias políticas que tiveram historicamente seus direitos negados) mas outras ações devem e precisam existir paralelamente.

"O termo racismo recreativo foi criado pelo pesquisador Adilson Moreira, em livro de mesmo nome, e ele explica que a expressão veio como uma forma de combate de práticas que as pessoas acham que são brincadeiras inofensivas mas que na verdade são uma forma de microagressão com as pessoas negras."

(Jornal Correio Braziliense - 02/06/2023)

Por outro lado, há ainda aqueles que acreditam que existe um "exagero" quando a discussão são as práticas cotidianas em torno da questão racial e, até mesmo alguns, chegam afirmar que as medidas visam muito mais "quebrar a essência do brasileiro" que é "harmoniosa e divertida". Mas, como fica aquele que é vítima da "brincadeira"? É Nessa perspectiva que devemos também conhecer e abordar em diversos espaços conceitos para assim fazermos uma postura reativa às práticas racistas.

Refletir o conceito de racismo recreativo, as Leis de Cotas e até mesmo analisar um melodia da nossa MPB já é um bom começo!

"Um dos mais significativos exemplos, a Lei Federal n.º 12.711, de 2012, a Lei de Cotas, completou no ano passado uma década."

O movimento negro brasileiro tem um papel estratégico ao fazer pressão pelo reconhecimento do racismo por parte do Estado e ao exigir reparação. Isso se dá também através de políticas de acesso e inclusão de afrodescendentes e pessoas pobres nos bancos universitários brasileiros, instrumento importante para o combate ao racismo estrutural da nossa sociedade.

"A adoção da política de cotas é uma das maiores conquistas da sociedade brasileira desde a redemocratização — resultado de décadas de discussão, mobilização, suor e sangue do povo preto e pobre em nosso país."

(Jornal Correio Braziliense - 17/06/2023)