"Esta paralisação (11/04/2023) traz mais uma vez o mesmo desejo de lutarmos por uma nobre causa. Não existe uma nação próspera sem uma educação digna. Não existe sociedade melhor sem uma escola decente."
(Cícero Souza)
Há anos escuto que a educação está falida, que sempre foi o caos que se apresenta e que de nada adianta seguir na luta e reivindicar algo mais.
Para "reforçar" sombrias percepções na última semana toda mídia apresentou duas fortes tragédias que ocorreram dentro de escolas, isso mesmo, no interior de unidades escolares, local ao que "imaginamos estarem jovens e crianças "protegidos". No entanto, hoje você leitor vai talvez ouvirá que professores de todo Brasil estarão paralisando suas atividades por 24h. E assim, perguntará: Por quê? Bem, os motivos são tanto atuais como também alguns históricos.
Primeiro, a categoria luta pelo cumprimento da lei do Piso salarial e o pagamento de 14,95% (Lei federal);
Segundo pela recuperação do SASSEPE e melhorias na qualidade do atendimento e na estrutura do hospital do Servidor do Estado;
Terceiro, pela reavaliação da implantação do Novo Ensino Médio e redução do danos que já está causando junto a milhares de estudantes em todo país no âmbito das escolas públicas.
Por outro lado, a luta dos professores por respeito, qualidade de condições de trabalho remontam há pelo menos 100 anos. Pois é, foi exatamente em 1922 que intelectuais e professores iniciaram mobilizações pleiteando uma "nova escola" e até mesmo uma nova metodologia. Mas, especialmente em Pernambuco será a partir de 1979 (Plena Ditadura civil-militar - 1964/1985) que a luta ganhou maior adesão. Nascia o movimento SINDICALISMO DOCENTE!
Foi naquele ano que milhares de professores fecharam escolas, foram para as ruas exigiram melhores salários e condições de trabalho. Mas, o que receberam em troca? pressão do Governo Marco Maciel (1979/1982), descontos nos salários e demissão de lideranças da APENOPE (Associação dos Professores do Ensino Oficial de Pernambuco - 1963/1985). O que os professores fizeram? Mais paralisações e mais pressão até que o governo atendesse o pleito da classe.
Assim, muitas foram as mobilizações históricas (1979, 1982, 1986, 2015) e muitas conquistas foram obtidas. Foram dessas lutas e outras mais que também vieram conquistas aos voltada aos Técnicos administrativos e professores contratados (aproximadamente 17 mil docentes com contrato temporário atualmente) mas, o principal, foi conquistado o apoio da sociedade.
Greve geral dos professores /SINTEPE - Ato simbólico - Centro de Convenções. 04-05-2015 (arquivo pessoal)
Esta paralisação (11/04/2023) traz mais uma vez o mesmo desejo de lutarmos por uma causa urgente. Não existe uma nação próspera sem uma educação digna. Não existe sociedade melhor sem uma escola decente. E jamais existirá uma criança completa sem o professor desenvolvendo seu trabalho da maneira mais digna e não limitada as "falácias" e discurso de governos sem uma ação concreta.
Reflita e acredite no trabalhos do professores. Já são pessoas tão "agredidas" no dia-dia que hoje paralisam seus trabalhos na busca também de um "abraço social."
"Al trabajar con alumnos de todas las edades, los docente se esfuerzan por crear experencias holisticas y conectadas entre sí, actividades que permitan a sus alumnos captar las complejidades que debemos afrontar actualmente como ciudadanos de una comunidad global, así como las situaciones cotidianas." (Sage, Sara. p.13)
Fontes consultadas:
ALMEIDA, Jane Soares de. Mulher na Educação: A paixão pelo possível. São Paulo: UNESP, 1998.
AQUINO, Rubim Leão
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BITTAR, Marisa & Mariluce. (2012). História da Educação no Brasil: a escola pública no processo de democratização da sociedade. Departamento de Educação, Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de SãoCarlos/UFCAR.
file:///C:/Users/SEMP/Downloads/Dialnet-HistoriaDaEducacaoNoBrasil-4864688.pdf
- Acesso: 12/03/2014.
CAVALCANTE, Jannaiara Barros. Sindicalismo docente: A luta dos professores da rede pública estadual do Recife no período de transição democrática. Dissertação de Mestrado /UFPE - 2016.
DUARTE, William Alexandrre. Por que ser professor? Uma análise da carreira docente na educação básica no Brasil. Dissertação de Mestrado. UFMG, 2013.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. (2007). São
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GIROUX, Henry A. (1997). Os professores como intelectuais – rumo a
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Retratos da escola: A reforma do Ensino Médio em questão (dossiê). Revista da Escola de Formação (CNTE) - Jan a Junho de 2017, vol. 11.
KANG,Thomas Hyeono. Instituições, voz política e atraso educacional no Brasil (1930-1964). USP/2010.
MENNUCCI, Sud. A crise da Educação brasileira. São Paulo: Ed. Piratininga, 2006.
REZENDE, Maria José de. Ditadura Militar: Repressão e pretensão de legitimidade (1964-1984). Londrina: Eduel, 2013.
SAGE, Sara. El aprendizaje basado en problemas: desde del jardin de infantes hasta el final de la escuela secundaria. Buenos Aires: Amorrtus, 2007, p. 13.
SOUZA, Cícero Albuquerque de. Retratos de professores: associativismo docente em Pernambuco - 1979/1982. Dissertação de Mestrado. Universidade Lusófona Humanidades e Tecnologia - ULHT/ Lisboa - Portugal. 2016.
https://recil.ensinolusofona.pt/handle/10437/6908 - acesso: 11/04/2023.
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