São exatos 365 dias de incerteza ao que vamos encontrar e quem por ventura vamos perder nesse caminho. Pois, de imediato é esse o sentimento que vivemos no dia-dia do mundo escolar, situação em que ficamos reféns de zelar pela nossa integridade emocional, de saúde e familiar e ao mesmo tempo atender ao nosso papel profissional e de pessoa humana desejando "acolher" cada aluno diante suas necessidades não apenas cognitivas mais principalmente emocionais.
São quase dez anos que estava fora da sala de aula (tendo contato com alunos mas numa relação de pesquisa) e em 2020 decidi voltar atuar diretamente agora desenvolvendo todo um trabalho dentro da escola e retomando ideias e projetos que sempre acreditei, no entanto, foram apenas 45 dias de trabalho direto com o aluno ao que a pandemia de covid-19 travou tudo. O que de início parecia algo que se resolveria em meses a ineficácia das esferas governamentais (principalmente federal) mostrava que seria uma longa jornada. Assim, de todo um planejamento montado para o presencial tive que mudar completamente e (re) aprender a fazer o processo de ensino-aprendizagem ser realidade. Como costumo dizer, fui me divertir!
Muito ouvi que "os professores estão adorando ficar em casa e receber o seu salário certinho ao final do mês". É bem verdade que o salário não tem faltado, por sua vez, tem faltado bastante de privacidade pois a qualquer momento recebo contato dos alunos desejando sanar dúvidas (muitas vezes reais) mas que muitas outras por não desejar ler o informe da atividade aquele prefere contactar e pedir que os direcione "o que é para fazer mesmo?". Paralelo a essa realidade nesse período de 365 dias se tornou doloroso perceber o quanto estamos despreparados (professores, a família, o aluno e o governo) para fazer algo que na terminologia parece básico; "ensino híbrido e trabalho remoto".
São quase dez anos que estava fora da sala de aula (tendo contato com alunos mas numa relação de pesquisa) e em 2020 decidi voltar atuar diretamente agora desenvolvendo todo um trabalho dentro da escola e retomando ideias e projetos que sempre acreditei, no entanto, foram apenas 45 dias de trabalho direto com o aluno ao que a pandemia de covid-19 travou tudo. O que de início parecia algo que se resolveria em meses a ineficácia das esferas governamentais (principalmente federal) mostrava que seria uma longa jornada. Assim, de todo um planejamento montado para o presencial tive que mudar completamente e (re) aprender a fazer o processo de ensino-aprendizagem ser realidade. Como costumo dizer, fui me divertir!
Muito ouvi que "os professores estão adorando ficar em casa e receber o seu salário certinho ao final do mês". É bem verdade que o salário não tem faltado, por sua vez, tem faltado bastante de privacidade pois a qualquer momento recebo contato dos alunos desejando sanar dúvidas (muitas vezes reais) mas que muitas outras por não desejar ler o informe da atividade aquele prefere contactar e pedir que os direcione "o que é para fazer mesmo?". Paralelo a essa realidade nesse período de 365 dias se tornou doloroso perceber o quanto estamos despreparados (professores, a família, o aluno e o governo) para fazer algo que na terminologia parece básico; "ensino híbrido e trabalho remoto".
Fonte: Arquivo pessoal / março 2021
Nessa nova realidade e modalidade muito aprendi e "me adaptei". Todo esse tempo construí e reformulei propostas, enfrentei não só o desafio de aprender mas de estimular e de "justificar" ao aluno a importância daqueles momentos que por sinal para ele não fazia sentido pois ao passar o ano fatídico de 2020, apesar de "todo mal atingido" estariam aprovados e nada mais justificaria todo aquele meu trabalho de diariamente de estar conectado, preparando e enviando atividade e também buscando ter um feedback. Enfim: 2020 a pandemia de covid-19 e a realidade escolar mostrou que eu era um verdadeiro "Franktein" criatura e nunca o criador "Victor Frankstein".
Estou atuando na área de ensino praticamente faz duas décadas e vi o quanto nossa educação melhorou, o quanto nossos alunos superaram obstáculos e viveram suas próprias conquistas. Mas, enquanto pesquisador, fazendo minhas leituras para construção da minha tese eu vejo o quanto os detentores do controle da máquina usam o sistema educacional para tirar o que realmente a população mais pobre precisa ter para fazer o diferencial a sua qualidade de vida. Todo esse tempo vejo o quanto a educação brasileira sempre acaba sendo nivelada "por baixo" e dos poucos momentos que "parecia percebida positivamente" voltava a ser jogada ao fundo do poço. Pesquisadores como Freire (1983), Valle (2009) e Cristiane (2009), Nóvoa, Saviani, Rubens Alves e tantos mais ao trazerem para o centro da discussão como a educação brasileira é conduzida há mais de 100 anos nos possibilita entender o momento atual que vivenciamos de crise sanitária mundial com a pandemia Covid-19, como os gestores estão tratando a nossa educação (estamos sem qual sinalização por parte do MEC) e o impacto a que estará exposta toda uma geração nos próximos 20 anos.
“Daí o temor e a confusão, o desamparo e a desesperança de ser educador hoje e aqui. Daí o sentindo da crítica que descobre por debaixo das “deficiências do sistema educacional”, as manipulações diabólicas do sistema político sobre a educação.” (Brandão, Carlos Rodrigues / Chauí, Marilena S / Freire, Paulo (Org). O educador: Vida e morte, p.9, 2009)
Mesmo que não desejemos pensar fica a questão: Dessa nova geração atingida diretamente pela total ausência estrutural do ambiente educacional, quanto sofrerá para ingressar no mercado de trabalho? Qual será a postura de uma geração que por dois a quatro anos percebeu que progressão escolar é meramente burocrática? Como reduzir uma desigualdade social e de oportunidade quando continuamos a fazer uma educação dual (até mesmo na esfera pública)?
“Como se pode ver, a expansão das oportunidades foi lenta e os percursos escolares foram marcados pela exclusão: os próprios órgãos oficiais estimavam que dos 1.000 alunos que ingressaram na 1ª série em 1966, apenas 319 concluiriam a 4ª série, 47 terminariam o curso ginasial e 18 obteriam um diploma de nível médio (Kock, 1995: 35).” (Valle,IoneRibeiro &Ruschel, Elizete. A meritocracia na política educacional brasileira (1930-2000).
Enfim, essa pandemia que atualmente matou mais de 300 mil pessoas só Brasil, destruiu tantas famílias e que foi e continua sendo motivo de chacota pela principal liderança brasileira vai deixar uma triste "herança" principalmente na juventude brasileira. Passado tantos anos de luta por uma educação pública de qualidade e para todos só chegamos até o momento ao conceito universalizar, pois, enquanto qualidade, caberá ainda por um bom tempo cada família garantir pagando (mesmo que seja pela segunda vez) caro e ainda com reduzida qualidade. Quanto historicamente, quando cada brasileiro em futuro próximo desejar compreender o que aconteceu no Brasil em período de pandemia de Covid-19 e precisar de um 'CULPADO" logo vai encontrar o "responsável" para essa estagnação histórica educacional. E de quem será a culpa? Do PROFESSOR ou da Pandemia Covid-19?
Cícero Souza
Professor e pesquisador.
Fonte:
1- Brandão, Carlos Rodrigues / Chauí, Marilena S / Freire, Paulo (Org). O educador: Vida e morte. Rio de Janeiro: Edições Graal. 1983. 3ª edição.
2- Mélo, Cristiane. 2009, p.39 - Estado e educação pela imprensa: o debate de Florestan Fernandes ante a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - 1959-1961. (Valle,IoneRibeiro &Ruschel, Elizete. A meritocracia na política educacional brasileira (1930-2000).
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