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domingo, 12 de abril de 2015

Greve dos professores: 1979 x 2015 o que mudou?


JC - 12/04/1979.

                       Sou um apaixonado pela docência e principalmente acompanhar os bastidores que norteiam a Política sindical. No curso dos últimos quatro anos venho trabalhando a temática identidade docente e seu processo de (des) construção. Dentre os caminhos que acreditei ser possível entendermos a questão escolhi analisar como dois principais Jornais do Estado trataram a questão no período em que eclodiu a primeira grande mobilização e greve geral dos professores durante vigência da Ditadura Civil- militar, classe  naquela época "representada" pela APENOPE. A literatura que reservei até o momento é bastante ampla, porém, uma em especial trabalho e destaco como de expressivo valor para qualquer pesquisador hoje entender o que ocorreu para deflagração da greve em 1979, ou até mesmo se hoje desejarmos entender os possíveis rumos que a greve deflagrada no último dia 10 de abril de 2015 poderá tomar.
                       O historiador Rafael Leite Ferreira em 2012 presenteou estudiosos com a obra " O Novo Sindicalismo urbano em Pernambuco (1979-1984): entre mudanças e permanências", editora UFPE. Porém, desejo destacar dois pequenos trechos referente a greve dos professores que ocorria em 1979 para entendermos de alguma maneira o que estamos vivenciando hoje principalmente depois da última assembléia no Clube Português em que o SINTEPE vivenciou uma cena pouco corrente. Antes mesmo faço aqui duas comparações entre o cenário de 1979 e o de 2015, que dependendo da postura adotada a partir de amanhã dará o sinal para o sucesso ou fracasso do movimento.
           Primeiro: assim como o atual governo ocupa o posto a pouco mais de cem dias  e adotou uma postura não conciliadora, em 1979 não foi muito diferente. O então Governador biônico Marco Maciel também adotou medidas que desprestigiava ainda mais a classe docente já nos primeiros cem dias de sua gestão.
          Segundo: os professores da rede estadual em 1979 tiveram por várias vezes negada reposição real em seus salários e a direção da APENOPE na época pouco tomava posição em favor da categoria. No entanto, a partir da assembleia realizada no Clube Náutico os rumos mudaram. Naquele momento professores da base do movimento tomaram maior participação, decidiram os rumos e deflagraram uma greve em pleno período de repressão.
               Durante a leitura do livro do professor Rafael Ferreira duas passagens 1 em especial possibilita entendermos melhor a história do sindicalismo urbano em Pernambuco, mas especialmente o processo de (des) construção da identidade docente. Particularmente busco essa compreensão partindo do humor expresso nas chargistas do DP e do JC, como também a partir da "repressão" desencadeada pelos agentes do DOPS/PE. 
             
  1        A assembleia do ano de 1979, realizada no dia 11 de abril poderia ter seguido o mesmo rumo de todos os anos. Mas não o fez. Logo no início da assembleia, a diretoria da APENOPE notou algo diferente na reunião daquele ano. Os professores estavam agitados, manifestando, com coragem, ousadia, humor e criatividade, suas insatisfações com os problemas que o afligiam, como baixos salários, as precárias condições de trabalho e a posição "pelega" de sua associação.  (2012, p. 208).

                          O primeiro aspecto que vale a pena ser destacado acerca das greves urbanas ocorridas, em Pernambuco, no ano de 1979, diz respeito à atuação dos trabalhadores mesmo que à revelia de suas entidades sindicais. (2012,p. 228).

                       

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