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domingo, 23 de maio de 2021

Quando "passado e futuro morrem juntos".

        Este mês marca o falecimento de duas figuras de expressiva representação em campos bastante importantes da formação social, que são o campo político e cultural. O falecimento da atriz Eva Wilma (87 anos) e do Prefeito licenciado de São Paulo Bruno Covas (41 anos) apresentam semelhanças quanto papel político, como também, quanto a doença os quais foram atingidos. O político e a atriz (ambos paulistas) lutaram contra um câncer e não resistiram a gravidade do avanço da doença. Mas, ambos deixaram lições quanto a importância do engajamento político e até mesmo a importância de usar  de suas posições profissionais para saberem agir em benefício da coletividade.

As atrizes Eva Todor, Tônia Carrero, Eva Wilma, Leila Diniz, Odete Lara e Norma Bengell em 1968, durante a passeata dos cem mil, em protesto contra a ditadura militar no Brasil, no Rio de Janeiro. Fonte: https: //tvefamosos.uol.com.br/noticias/redacao/2018/03/05/eva-wilma-fala-sobre-foto-ao-lado-de-tonia-carrero-emblematica.htm.

    
Eva Wilma:
 
            Além dos centenas de personagens que interpretou (no cinema, teatro e televisão) Eva Wilma ganhou destaque ao marcar posição em momentos difíceis da política nacional em que, diferentemente de vários artistas (do seu tempo) que preferiram apoiar a situação vigente ou silenciar,  a atriz por exemplo, participou ativamente da "marcha dos 100 mil" realizada em 1968 contra atrocidades da ditadura militar no Brasil.


 Fonte: Livro Democracia sempre, p.261 (arquivo do autor)

Bruno Covas:

        Era neto do político paulistas Mário Covas ícone da luta contra a ditadura militar e pela redemocratização do país em campanhas como as "Diretas Já" e pela Constituinte. Mário Covas representava o grupo dos "autênticos" e atuante no antigo MDB (Movimento Democrático Brasileiro) década de 1960 e 1970 e posteriormente um dos principais nomes do PSDB nacional tendo inclusive disputado o pleito presidencial em 1989. 
        Assim, o seu neto Bruno Covas, ao ganhar expressão no cenário político atual (também pelo PSDB paulista) chamou atenção por tentar resgatar para a sociedade a "identidade" do político de "vocação" e voltado aos anseios da coletividade. Diante histórico político dos Covas  ele não pensou duas vezes e dentro do próprio partido foi ferrenho opositor quanto aproximação e construção da candidatura do então candidato  Jair Bolsonaro (Pelo PSL -hoje sem partido) a presidência  da República com apoio do PSDB.

Bruno Covas (à esq.), que se mudou aos 14 anos para o Palácio dos Bandeirantes, com o irmão Gustavo e Mario Covas: política no DNA da família //Arquivo  Fonte: https://veja.abril.com.br/politica/bruno-covas-prefeito-de-sao-paulo-morre-aos-41-anos-vitima-de-cancer/


“Diante das adversidades só há três atitudes possíveis: enfrentar, combater e vencer. Nós vamos vencer essa, venho aqui hoje dar voz a todos os paulistas que, anônimos, foram para as ruas dizer basta” (Fala como deputado federal ao votar pelo afastamento da presidente Dilma em 2016)


O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), que morreu aos 41 anos, em foto tirada no período de mais de setenta dias em que dormiu na prefeitura por conta da pandemia do novo coronavírus Jonne Roriz...  Fonte: Leia mais em: https://veja.abril.com.br/politica/bruno-covas-prefeito-de-sao-paulo-morre-aos-41-anos-vitima-de-cancer/

        Ambos faleceram na última semana atingidos por doenças (câncer) que os devastaram fisicamente em questão de tempo e sem condições de cura. Verdade que tiveram toda assistência ao que poucos brasileiros dispõem atualmente, mas, ambos enquanto pessoas públicas no momento necessário tomaram a decisão acertada ao abraçarem o lado que deveria prevalecer que é o valor aos direitos humanos e de uma posição clara quando assim exigir ser mostrada.
    Percebida a "morte do passado e do futuro" fica o desejo que o presente tenha absorvidos as lições destas figuras do campo político e artístico  para assim nutrirmos o "renascimento de um futuro" mais justo para a parcela mais necessitada (educação, saúde, trabalho e demais direitos básicos) da população brasileira.

Cícero Souza
Historiador
Professor  da rede pública de ensino de Pernambuco.
Mestre Ciência da Educação - ULHT- Lisboa/Portugal
Doutorando Ciência da Educação - UNR/Argentina.


Fontes consultadas:

Ditaduras do século XX - A história de países devastados por regimes ambiciosos e sanguinários. Sâo Paulo: Escala, 2009,

SESC. Arena conta - Teatro e resistência no Brasil (1965-1970). Encarte SESC, Instituto Augusto Boal. 2010, 50p.

Tavares, Renan. Teatro, educação e cultura marginal dos anos 1970 no Brasil. São Caetano: Vendis. 2009, p.282.

Russo, Sonia & Melhem, Celia. Democracia sempre. São Paulo: Global editora. 1987, 316p.

Sites:

Eva Wilma fez teste para Hitchcock e brigou em português com o diretor.

Eva Wilma participou de protesto histórico contra censura na ditadura militar.

Divas da TV Tupi: Eva Wilma - linda trajetória.

Atriz Eva Wilma morre aos 87 anos de câncer no ovário - CNN-Domingo.

Televisão perde intensidade com a morte de Eva Wilma

'A luta é dura, mas sigo em frente, escreveu Covas em última carta

Entenda o câncer que atingiu o prefeito Bruno Covas

4 comentários:

  1. A geração de 1968 fez História pelo seu ativismo político. Não se omitiu e foi às ruas exigir mudanças no vigente establisment político no país.Onde anda os signatários de 1968...?

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  2. Sim,Bione. Essa geração deixou marcas em todo mundo.No caso brasileiro, chama atenção maior por estarmos em pleno regime ditatorial e que paralelo repressão política e ideológica tentavam reprimir até mesmo mudanças no campo cultural. Onde estão? Alguns se perderam, outros formando a consciência dos netos ou mesmo lutando como fosse ainda "rebeldes sem causa" (nas palavras dos conservadores da época).

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  3. E lembrar que outros agentes e políticos "forjam" serem "modelos" para essa nova geração apenas verbalizando conceitos e posições que marcaram uma geração conhecida como "Geração 68".

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  4. simples e objetivo sua autobiografia e os laços afetivos com o parentesco distinto, mas, amáveis e amados até então, por conta da passagem deste dia dos namorados.

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