Olá fera! enfim chegou o momento que tanto esperavam e tanto preparo exigiu; hora de realizar as provas para ingresso a centenas de universidades superiores espalhadas por todo Brasil. Porém, saiba que nem sempre foi assim o processo seletivo e que nessa época (vestibular unificado e de poucas vagas) a disputa também era acirrada, desde entre os participantes ou mesmo por parte dos primeiros cursinhos que surgiam com a proposta de "preparar melhor" os vestibulando. Para entender esse momento melhor vamos mergulhar no período de 1979 e a partir das três matérias publicadas nos dois principais jornais de Pernambuco conhecer um pouco o que mudou desse período aos dias atuais.
Os primeiros cursinhos preparatórios
Até 1968 não havia no estado uma tradição de "cursinhos preparatórios a vestibulares" sendo algo que veio a surgir apenas a partir da figura do professor Salomão Jarolasvski e mais treze sócios ao fundarem o Colégio e Curso União, fato que viria em seguida dar estímulo a outras instituições seguirem o mesmo caminho (Colégio Radier, Curso Torres, Colégio 2001) já por volta de 1970.
Fonte: Jornal do Commercio, 13/01/1979, pg. 6 - Propagando do Colégio Radier aos vestibulandos.
A imprensa e as expectativas dos vestibulandos
Se a disputa por uma vaga nas principais universidades de Pernambuco era intensa os dois principais jornais locais faziam uma completa cobertura destacando não apenas o momento das provas mas o antes e depois. A imprensa local participava desde cobrindo os anseios de pais e estudantes, como também, expressavam a partir da arte de seus chargistas o "imaginário" daqueles que viviam o momento final de uma maratona de meses e até as vezes anos de uma preparação. A partir das duas charges abaixo é possível perceber o que significava exatamente aquele momento vivido por milhares de estudantes durante o vestibular de 1979.
Na charge do Clériston apresenta uma analogia a que os brasileiros vivenciavam no dia-dia que seria, diante o cenário de instabilidade econômica brasileira e do próprio orçamento pessoal cada brasileiro praticava quase que diariamente uma maratona de cálculos complexos que muito se aproximavam ao que agora vivenciaram nas resoluções das provas de vestibulares que se aproximavam.
Fonte: Jornal Diario de Pernambuco, 11/01/1979, pg. A11 Charge de autoria de Clériston.
No entanto, além das críticas ao próprio processo seletivo, a maratona de desgastes impressas a milhares de jovens a imprensa local também trazia para o centro da discussão o pós-vestibular e até mesmo o pós-formado. Dentre as dezenas de charges apresentadas trazemos a crítica exposta pelo chargista Maquino (Diario de Pernambuco) quando retrata o desafio enfrentado por milhares de jovens que após uma conquista que fora uma vaga na universidade, percorrido todo curso e ao terminar não ter a certeza de ter um emprego "garantido".
Assim, foram muitos as matérias que fizeram cobertura do vestibular de 1979 em Pernambuco, como também, os discursos e interesses presentes em cada abordagem.
E aí? Algo semelhante aos dias atuais? O que mudou?

Fonte: Jornal do Commercio. 11/01/1979, p.4 Charge de autoria de Maquino.
"O Diario de Pernambuco sempre foi um grupo mais conservador e naquela hora o Jornal do Commercio tava numa crise econômica muito grande, então, ali eles estavam mais solto, creio eu! No Diario a gente estava muito sujeito ao controle de opinião. Certo? Mesmo assim, a gente conseguia driblar essas coisas; fazendo arte!"
(entrevista do chargista Laílson Cavalcanti de Hollanda sobre o cenário da imprensa no período de Ditadura militar brasileira pós-1964 ao pesquisador Cícero Souza em 14/11/2014, p. 85).
Fontes:
1- Souza, Cícero Albuquerque. Retrato de professores: Associativismo docente em Pernambuco - 1979/1982. ULHT/ Lisboa - Portugal. 2014. Dissertação de Mestrado.
2- Jornal Diario de Pernambuco. 11/01/1979, p. A11.
3- Jornal do Commercio. 11/01/1979, p.4.
*Cícero Souza (Professor, pesquisador doutorando UNR/Argentina)
Cicerosouzamaisleitura (Instagram).
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