estatística - ficha

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Feche a jaula e tranque aquele "animal"

"Quantos amigos perdi, quantas pessoas "matei" ao proferir palavras fedidas, ao destilar um ódio que não sabia existir em mim."

        Hoje desejo apenas refletir e entender como chegamos enquanto sociedade até aqui e principalmente na situação que se apresenta. Soltamos "a fera" que existia lá dentro de cada um de nós e que mantínhamos  sob controle por longo e longos anos. Quantos amigos perdi, quantas pessoas "matei" ao proferir palavras "fedidas" ou, ao destilar um ódio, que não sabia existir em mim. Mas,  quando e como tudo começou? 

    Entre os anos de 1964 a 1985 meus pais, avós e outros parentes viveram um tempo sombrio em que grupos de militares (Forças Armadas) aliados a pequenos grupos de empresários "ocuparam postos de comando" do país e, em nome da democracia, impetraram medidas econômicas, políticas, sociais e principalmente repressivas. Meus pais vivenciaram cada momento e viram "sair das jaulas" trogloditas que "guardados" sob a tutela do Estado usaram de atrocidades que ficaram marcadas nas mentes, corpos e porque não dizer também arquivadas nos acervos de documentos da repressão sob guarda do próprio Estado. 

"nunca deixaram que a "fera" indomável ganhasse força para agir pautada na maldade;"

    Meus pais viram e viveram mas nunca deixaram que a "fera" indomável ganhasse força para agir pautada na maldade contra o seu próximo; eles mudaram uma ordem de um Brasil e buscaram entregar para mim uma sociedade melhor sem matar (mesmo metaforicamente) seu vizinho, seu parente ou ao seu amigo.

    1984 o movimento "Diretas já" ganhava as ruas e mesmo com a derrota da Emenda Dante de Oliveira o Brasil voltou ao processo democrático e os generais-ditadores que ao longo dos 21 anos que ocuparam todas as esferas das instituições "deixaram" o país respirar (pelo menos imaginava assim até termos o cenário atual). Meus pais receberam um Brasil mergulhado numa inflação galopante, educação deteriorada, segurança quase esgotada mas, meus pais resistiram e dominaram o "animal" que existia dentro de si. Feche a jaula e tranque aquele "animal"

"O ódio e os interesses pessoais daqueles que ocupam o poder estimulam atos de violência física ou mesmo verbal, jornais publicam caos e assassinatos.."

     Entre os anos de 1989 a 2002 o Brasil vivenciou vários pleitos eleitorais dos quais, em todos eles, eu disse em todos eles contou com a presença da Esquerda contra a Direita e nunca tivemos qualquer acontecimento marcado por violência extremada ou estímulo para atos semelhantes. O pleito de 2002, do qual a Direita (na época PSDB) perdeu, o processo foi perfeito chegando o momento em que o presidente derrotado (Fernando Henrique - PSDB) passou a faixa ao seu opositor e agora presidente eleito (Luiz Inácio Lula da Silva - PT). Em 2002 foi assim e não ocorreu um único episódio grave de violência física e a tão esperada transição entre os líderes foi perfeita e pautada na melhor contribuição para todo os brasileiros.

E hoje, a que ponto chegamos?

    O ódio e os interesses pessoais daqueles que ocupam o poder estimulam atos de violência física ou mesmo verbal, jornais publicam caos e assassinatos e no dia-dia as pessoas não conseguem mais conversar ou no mínimo ouvir e respeitar a opinião do próximo. A que ponto chegamos!

        Exatos quatro anos  que a intolerância ganhou dimensão e lugar cativo nas ruas, nos lares, nas escolas, nos espaços de trabalho e lazer. A que ponto chegamos!

"Não temos a bastante tempo um Ministro da Educação, da Cultura, da Saúde, do Trabalho, da Juventude e com isso não temos uma política voltada para a maioria da população pobre das periferia. É esse o país que você deseja que continue?"

        Nas próximas horas vamos nos dirigir até as locais de votação para eleger "nossos representantes" (será que nos representam?) e precisamos refletir qual modelo de sociedade e civilidade desejamos deixar aos nossos filhos. Ódio, intolerância, desrespeito as mulheres, ao saber científico e a fé não pode e não devem ser heranças que marquemos aos nossos filhos e demais jovens. Feche a jaula e tranque aquele "animal".

    Triste perceber jovens de 16 anos verbalizando um discurso "doentio" que nossos pais e avós ouviram passados mais de 60 anos. Somos responsáveis pelo país que nossos jovens vivenciam hoje. Foi nossa intolerância, arrogância, revanchismo e despolitização que colocou nas costas de uma juventude atual o Brasil destruído que temos hoje (economicamente, politicamente, socialmente e moralmente) e vamos pagar o preço ainda pelo menos por uma geração.

"Infelizmente, quando falam proteger "a família" não é a nossa. Quando falam em Jesus, não é o nosso Jesus e nossos princípios cristão."

        Não temos a bastante tempo um Ministro da Educação, da Cultura, da Saúde, do Trabalho, da Juventude e com isso não temos uma política  de Estado voltada para a maioria da população pobre das periferia. É esse o país que você deseja que continue? Faz sentido, em nome do "combate a corrupção" negar saúde, trabalho, educação e futuro aos nossos jovens e aceitação  da OMISSÃO dos atuais gestores.

 "Vá, mude o seu voto e não precisa contar a ninguém." 

        Vamos refletir: O que estamos fazendo aos nossos filhos quando legitimamos uma atitude tão descompromissada dos gestores que ocuparam altos cargos públicos e que deveriam nos representar de verdade e não com discursos vazios e de ódio. Infelizmente, quando falam proteger "a família" não é a nossa. Quando falam em Jesus, não é o nosso Jesus e nossos princípios cristãos. 

        Basta! Feche a jaula e tranque aquele "animal" que existes em cada um de nós.

Passeata - "Ele não". Praça do Derby, Recife/PE. 29/09/2018

        Não destrua mais nosso país permitindo que o discurso de ódio e desprezo ao próximo seja algo "normal". Vá e, a partir do seu voto faça valer um Brasil que realmente deseja que seja construído para os milhões de jovens. Vá, mude o seu voto e não precisa contar a ninguém. Vamos voltar a acreditar na Ciência, respeitar a religiosidade de cada um, respeitar a opção sexual de cada indivíduo, lutar para que uma postura autoritária não seja legitimada jamais ou que palavras em nome de Deus não sejam ditas em vão para consolidar projetos pessoais ou de grupos "pseudos-religiosos".

Reflita. 

    Mude o seu voto pensando no país que você deseja realmente deixar para cada jovem que hoje está ao seu redor. Afinal, o país que nossos pais e avós acreditavam e que "entregaram" para nós mas começamos a "tentar destruir". Porém, é possível fazermos diferente.

Soltamos, soltamos "a fera" que existia lá dentro de nós e que mantínhamos  sob controle por longo e logos anos.

        Agora caberá você aprisioná-la (a fera). Feche a jaula e tranque aquele "animal" que existe em cada um de nós.

        Obrigado pela leitura, pelo diálogo tranquilo entre nós e um bom e reflexivo voto para todos!


Cícero Souza

Pesquisador 
Professor  ETE - Ginásio Pernambucano
(Governo do Estado de Pernambuco - SEE)
Mestre Ciência da Educação (Universidade Lusófona Humanidades Tecnologia -ULHT- Lisboa/Portugal)

Doutorando Ciência da Educação (Universidade Nacional de Rosario - UNR/ Argentina)


 

sábado, 24 de setembro de 2022

'Voto formiguinha' e 'mapismo': as fraudes e polêmicas da época do voto impresso no Ceará

    "Depois de 26 anos da implementação do voto eletrônico no processo eleitoral brasileiro, a segurança do sistema de votação volta a ser rediscutida devido a ataques às urnas. No entanto, o que poucos lembram - ou fazem questão de esquecer - é que a mudança ocorreu justamente para pôr fim a fraudes e imprecisões que o modelo arcaico de votação em cédulas permitia." (Escrito por Alessandra Castroalessandra.castro@svm.com.br -17:00 - 23 de Setembro de 2022).

"Como se não bastasse ir votar debaixo de um sol escaldante, respirando a poeira do chão de terra batida, os eleitores ainda tinham que esperar três dias para saber quem seria o novo prefeito."

Voto em papel, voto em cédula
Legenda: Uma cédula em branco com espaços para preencher o número dos candidatos dos cargos em disputa eram entregues aos eleitores para votação - Foto: Evaldo Ferreira/Arquivo Diário do Nordeste.
 
"Um dos crimes que ocorria com frequência, principalmente no Interior, como conta Girão, era o "voto formiguinha". Funcionava assim: um eleitor ia até a seção eleitoral, recebia a cédula em branco do mesário para preencher e votar na urna, mas, em vez de depositá-la, ele a escondia e saía do local com ela."

urna eletrônica, voto eletrônico, eleição 1996
Legenda: Na eleições de 1996, urnas eletrônica foram utilizadas em alguns colégios eleitorais da cidade -Foto: Arquivo Diário do Nordeste

    Veja a integra da matéria  da jornalista Alessandra Castro acessando o link abaixo e lendo completa esta interessante matéria.

https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/pontopoder/eleicoes-2022/voto-formiguinha-e-mapismo-as-fraudes-e-polemicas-da-epoca-do-voto-impresso-no-ceara-1.3280308 - acesso: 24/09/2022.


Cícero Souza

Pesquisador 
Professor  ETE - Ginásio Pernambucano
(Governo do Estado de Pernambuco - SEE)
Mestre Ciência da Educação (Universidade Lusófona Humanidades Tecnologia -ULHT- Lisboa/Portugal)

Doutorando Ciência da Educação (Universidade Nacional de Rosario - UNR/ Argentina)


sábado, 17 de setembro de 2022

Um vitorioso

 Emerson Pedro é um jovem como tantos outros que encontramos no dia-dia. Emerson Pedro (Peu) sonha com a sua doação, assim como o seu filho ou o meu filho precisa também do amor que "doamos" a cada amanhecer.

Aconteceu e foi brilhante!

       No último dia 16/09/2022 a coordenação e equipe de professores da Escola Técnica Ginásio Pernambuco - Cabugá (ETE/GP), junto com professores externos convidados, realizaram um grande aulão solidário voltado a arrecadar recursos para ajudar na aquisição de uma prótese (membro superior direito) para o aluno Ewerson Pedro (Peu). 

"Enfim, foi total conexão da parte dos alunos e professores.."

Fonte: Aulão solidário ETE/GP- Cabugá. registro prof. Cícero Souza.

    O evento foi realizado no auditório da Escola Técnica Agamenon Magalhães (ETEPAM) no bairro da Encruzilhada e recebeu estudantes do Ensino Médio (1º ao 3º anos) do GP que foram contemplados com dicas para resolução das provas do ENEM e SSA que ocorrerão nos próximos meses. O aulão foi apresentado pelo professor Walter Pessoa (ETE/GP) que idealizou o evento e mobilizou toda comunidade escolar.

Ainda dá tempo de você fazer a sua doação de qualquer valor!

    Foi total conexão da parte dos alunos e professores que fizeram resolução de questões e  também alguns experimentos químicos  focados numa melhor  preparação dos alunos ETE/GP.  Parabéns ao professores Andrey Freire, Flávio Ferreira, Francisco Coutinho, profª Joyce Freitas (ETE/GP) pelo "show de conhecimentos e didática."

                                                     Fonte: Aulão solidário ETE/GP- Cabugá (vestibulandos 3º anos)- registro prof. Cícero Souza.

    Por sua vez, além de participar do aulão e aproveitar dicas, os estudantes contribuíram com um valor "simbólico"  para ajudar na  "campanha virtual" organizada pelos familiares do Ewerson Pedro buscando conseguir o valor para aquisição da prótese. 

    Ainda dá tempo de você fazer a sua doação de qualquer valor!

 Então, se você deseja doar qualquer valor em dinheiro ou conhece especialistas que possam ajudar essa família realizar sonho do próprio filho entre em contato.

Um pouco da história de "Peu"

Fonte: Ewerson Pedro e amigos de turma. Intagram do professor Walter Pessoa.

    Ewerson Pedro é um jovem, estuda no ETE/GP - Cabugá e foi vitimado de um trágico acidente no ano passado e acabou por perder um braço. Depois de várias cirurgias e muita força de vontade o "Peu" (como é carinhosamente chamado pelos colegas) está de volta aos estudos na ETE/GP e lutando para conseguir recursos e apoio para aquisição de uma prótese (membro superior direito). Assim, parabéns a todos os envolvidos nesta importante ação solidária; agora só falta você. 

    Então, se você deseja doar qualquer valor em dinheiro ou conhece especialistas ou mesmo instituições que possam ajudar essa família a realizar sonho do próprio filho entre em contato.


PIX para recebimento de doações: 2939302@vakinha.com.br


Cícero Souza

Pesquisador 
Professor  ETE - Ginásio Pernambucano
(Governo do Estado de Pernambuco - SEE)
Mestre Ciência da Educação (Universidade Lusófona Humanidades Tecnologia -ULHT- Lisboa/Portugal)

Doutorando Ciência da Educação (Universidade Nacional de Rosario - UNR/ Argentina)



sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Biblioteca do Estado traz exposição 200 anos da Independência do Brasil.

"Pernambuco independente: muito antes do 7 de setembro, já mostrávamos nossa rebeldia" é  o título dessa linda exposição que está aberta ao público entre os meses de Setembro e Outubro de 2022 no hall da BPE."

Fonte: Hall da BPE - registro pessoal do pesquisador

        A Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco traz a partir deste mês a exposição comemorativa 200 anos da independência do Brasil. E o que temos de inovador? A instituição reconta esse importante momento a partir da ótica histórica pernambucana. 
"Pernambuco independente: muito antes do 7 de setembro, já mostrávamos nossa rebeldia" é  o título dessa linda exposição que está aberta ao público entre os meses de Setembro e Outubro de 2022 no hall da BPE.

        Passear pela mostra de livros, encartes e documentos postos na exposição é percorrer a história de luta que marcou Pernambuco. 

Fonte: Hall da BPE - registro pessoal do pesquisador

        Insurreição pernambucana 1654, Revolta dos Mascastes 1710, Revolução Pernambucana de 1817 e da Convenção de Beberibe até chegarmos ao movimento de contestação quanto autoritarismo de D. Pedro I frente a Província de Pernambuco entre 1822 a 1825. Mas, inegável que nós pernambucanos lutamos e muito contribuímos para fazer a independência proclamada em 1822. Portanto, importante lembrar que lutamos ferozmente também contra arbítrios e privilégios existentes.

Fonte: Hall da BPE - registro pessoal do pesquisador.

     Passados 200 anos de uma luta é inevitável que não questionemos: Que ato foi esse uma vez que desigualdades históricas até hoje persistem em nossa sociedade? Visite a exposição,  analise cada quadro e aproveite para conhecer obras raras que lá estão expostas para o público.

        Enfim, uma exposição perfeita para todos. Para você estudioso do tema, para os curiosos e principalmente você estudante que está focado no  SSA/PE ou ENEM 2022. Vale a pena conferir. 

Fonte: Hall da BPE - registro pessoal do pesquisador

"Insurreição pernambucana 1654, Revolta dos Mascastes 1710, Revolução Pernambucana de 1817, a Convença de Beberibe até chegarmos ao movimento de contestação quanto autoritarismo de D. Pedro I frente a Província de Pernambuco entre 1822 a 1825."

        Acesse as redes sociais da BPE e confira um pouco mais. Eu já passei lá e conferi o belo trabalho da equipe da BPE.


Fontes consultadas/indicadas:

  1. Carvalho, José Murilo. Formação das almas. Cia. das Letras, 2004.
  2. Faoro, Raimundo. Os donos do poder - Formação do patronato político brasileiro. Ed. Globo, 2004.
  3. Vieira, Pedro de Almeida. Assim se pariu o Brasil. Ed. Saída de Emergência, Lisboa - 2015.
  4. Wehling, Arno. Formação do Brasil colonial. Ed. Nova Fronteira,  1994.
  5. Revista Nossa História. nº11, setembro/2004, p.11 a 37.


Cícero Souza

Pesquisador 
Professor  ETE - Ginásio Pernambucano
(Governo do Estado de Pernambuco - SEE)
Mestre Ciência da Educação (Universidade Lusófona Humanidades Tecnologia -ULHT- Lisboa/Portugal)

Doutorando Ciência da Educação (Universidade Nacional de Rosario - UNR/ Argentina)



terça-feira, 6 de setembro de 2022

200 anos e uma independência ainda a ser contada.

                                                

                                                      Revista Nossa História. nº11, setembro/2004

"200 anos de independência é o momento certo para repensarmos os "Brasis" que recebemos e principalmente o país que desejamos deixar como heranças para nossos filhos e netos."

        Hoje é feriado nacional mas, bem verdade dizer que não é um feriado festivo como outros anteriores que marcaram o dia 7 de Setembro, afinal, vivenciamos agora 200 anos de um momento histórico que foi contado mas ainda pouco recontado. Na verdade, para nós pernambucanos tudo começou ainda em 2017 quando comemorávamos os 200 anos da verdadeira revolução brasileira ocorridas aqui (Revolução Pernambucana 1817), movimento por sinal, amargamente sufocado pela corte Joanina que reinava na capital instalada no Rio de Janeiro desde 1808.

"afinal, vivenciamos os 200 anos de um momento histórico que foi contado mas ainda pouco revisitado."

   Mas, vamos focar visando refletir o momento em que comemoramos 200 anos do grito lançado por D. Pedro I as margens do riacho do Rio Ipiranga? Se a nossa independência ainda precisa ser recontada (refletida) a figura principal que marca todo episódio é demais remexida por interpretações aqui no Brasil e em terras lusitanas. 

    Ao pensar seus patrícios presentes na nossa historiografia o pesquisador português Pedro de Almeida Vieira (Assim se pariu o Brasil, 2015) destaca que - "Pode-se arriscar dizer que o Brasil dificilmente seria hoje uma  nação unificada  federativa se não fosse dois homens do século XIX: o rei português D. João VI e os seu primeiro imperador, D. Pedro I." (p.305). Mas, quando se trata de abordar o processo de independência brasileira na ótica de Portugal não evita afirmar que "Um português meter-se com a história do Brasil colonial, ainda que vá que não vá - ou até tudo bem; agora na História do Brasil independente, já seria meter o bedelho onde não se foi chamado" (p.322).

                                               

                               Assim se pariu o Brasil. Ed. Saída de Emergência, Lisboa - 2015.

"A transformação do sete de setembro em data nacional só aconteceu a partir de 1870 reflexo da consolidação do Estado nacional.."

       Pois bem, estudiosos na Europa percebem a delicadeza do tema  e se "reservam" tomar qualquer posição cabendo a cada um de nós brasileiros pesquisarmos, fazermos leituras e apresentarmos um melhor entendimento de momento tão crucial para entendermos o que somos e porque somos exatamente o Brasil atual.

        Historicamente, a partir de estudos dos mais variados campos de pesquisa já é compreendido que - "A transformação do sete de setembro em data nacional só aconteceu a partir de 1870 reflexo da consolidação do Estado nacional e o crescimento da importância política e econômica de São Paulo." (Nossa História, set/2004, p.17) e o uso que se tenta fazer atualmente reflete mais uma leitura pautada no mero simbólico" para fins "partidários e negacionista" do que possibilitar um melhor entendimento ao que ainda precisamos quanto fatores e consequências do ato de D. Pedro I e da elite brasileira que administravam politicamente o Brasil. .

        Quais questões atualmente vivenciamos e lutamos tantos por uma superação? Educação, distribuição de renda, patrimonialismo da máquina pública, altos impostos, machismo, racismo, violência de gênero, problema habitacional, subemprego e trabalho análogo a escravidão são alguns pontos que lutamos a muito mais de 200 anos e que foram pontos alguns desses  ideário iluminista propagados pelas revoluções liberais europeias do século XVIII (especialmente, a Revolução Francesa de 1789) e bateram forte aqui em Pernambuco.

"A independência de 1822 rompeu a concentração agrária que portugueses e principalmente brasileiros ainda concentravam?"

        A independência de 1822 rompeu a concentração agrária que as elites de portugueses e principalmente brasileiros ainda concentravam? O "mito" D. Pedro I precisa mesmo ser preservado exatamente como alguns desejam ou deve sim ser "revirado"? Afinal, ao trazer o coração do príncipe tentam consolidar uma história que não existiu em terras brasilis.

                                              

                                                            Revista de História, nº 62, nov. 2010

        200 anos de independência é o momento certo para repensarmos os "Brasis" que recebemos e principalmente o país que desejamos deixar como heranças para nossos filhos e netos. Outros duzentos anos virão, mas, será valioso que em nossas casas, trabalho, nas ruas e principalmente nas bancas escolares possamos iniciar estudo dos 2001, 2002, 2003 anos de independência que desejamos realizar.

        Assim, a proposta de hoje é que valorizemos sim momento tão importante mas, acima de tudo que possamos ler um pouco mais, refletir e compreender como todo processo foi construído. 

        Cabe a História trazer ao nosso conhecimento principalmente os personagens "invisíveis" que em muitos casos foram "usados" e depois descartados. Como também, entender os motivos da tamanha desigualdade e uso da máquina pública em benefício de algumas famílias enquanto milhares de brasileiros não fazem nem ao menos uma única e digna refeição.

Revista Nossa História. nº11, setembro/2004

"Nas favelas, no Senado sujeira pra todo lado. Ninguém respeita a Constituição mas todos acreditam no futuro da Nação. Que país é esse? (Legião Urbana. Que país e esse?)


Fontes consultadas/indicadas:

Carvalho, José Murilo. Formação das almas. Cia. das Letras, 2004.

Faoro, Raimundo. Os donos do poder - Formação do patronato político brasileiro. Ed. Globo, 2004.

Russo, Renato. Que país é esse? - Legião Urbana, 1987.

Vieira, Pedro de Almeida. Assim se pariu o Brasil. Ed. Saída de Emergência, Lisboa - 2015.

Wehling, Arno. Formação do Brasil colonial. Ed. Nova Fronteira,  1994.

Revista Nossa História. nº11, setembro/2004, p.11 a 37.

Revista de História, nº 62, nov. 2010.


Cícero Souza

Pesquisador 
Professor  ETE - Ginásio Pernambucano
(Governo do Estado de Pernambuco - SEE)
Mestre Ciência da Educação (Universidade Lusófona Humanidades Tecnologia -ULHT- Lisboa/Portugal)

Doutorando Ciência da Educação (Universidade Nacional de Rosario - UNR/ Argentina)







domingo, 4 de setembro de 2022

ETE -Ginásio Pernambucano: Um breve histórico de 198 anos.


Fonte:  Documentos históricos do Ginásio Pernambucando ficam sob a guarda do Arquivo público do Estado. 30/06/20216. http://www.educacao.pe.gov.br/portal/?pag=&cat=37&art=2961#!prettyPhoto[artigo2961]/0/

"Inicialmente funcionou numa das dependências do convento do Carmo."

A mais antiga instituição de ensino de Pernambuco  tem sua fundação no dia 1º de setembro de 1825, por decreto do presidente da província de Pernambuco, José Carlos Mayrink, sob o nome de Liceu Provincial de Pernambuco, e assim como outras importantes instituições públicas de Pernambuco também inicialmente funcionou numa das dependências do convento do Carmo. Destacamos como o primeiro diretor  do nosso Ginásio  o frade beneditino Miguel do Sacramento Lopes Gama, mais tarde apelidado de Padre Carapuceiro.

Várias salas de aulas

Ao buscarmos os locais históricos no qual funcionou o antigo Liceu (atual ETE - Ginásio Pernambucano/ Cabugá) temos entre os anos de  1844 a 1850 num antigo sobrado localizado na rua Gervásio Pires (Casarão dos Pires - antiga Secretaria da Fazenda localizado no Cais de Santa Rita). Logo em seguida  funcionaria nos torreões da Alfândega;  ainda no primeiro andar da Companhia dos Operários Engajados; tendo passado pela antiga casa das sessões do Juri e montado espaço educacional na localidade da rua da Praia e no  antigo Pátio do Paraíso.  Durante o ano de 1825 (14 de maio) uma lei converte o Liceu Provincial de Pernambuco em um internato de educação pública, e de instrução secundária, sob o título de Gymnásio Pernambucano. Assim, a marca de lançamento da “pedra fundamental” para o novo prédio,  que viria a ser construído na Rua da Aurora foi lançada em 14 de agosto de 1855.

"Hoje  poucos sabem que todo projeto do prédio do GP foi de autoria do engenheiro pernambucano José Mamede Alves Ferreira, formado pela Escola de Engenharia de Paris."


Uma engenharia ousada para época

    Hoje  poucos sabem que todo projeto do prédio do GP foi de autoria do engenheiro pernambucano José Mamede Alves Ferreira, formado pela Escola de Engenharia de Paris. É importante ainda destacarmos que no projeto original o edifício era apresentado estruturado para dois andares, mas o projeto foi mutilado, levantando-se apenas o pavimento térreo, sacrificando-se, por medida de economia, os outros dois.  Por sua vez, apenas por volta do ano de 1857 o segundo pavimento foi adicionado ao projeto.

 

Visitas e professores ilustres passam pelo Ginásio Pernambucano

Nos quase 200 de sua história o GP foi palco de visitações ilustres e de professores renomados que fizeram a formação de estudantes que pouco tempo depois ocupariam as mais altas representações na política do nosso estado e até mesmo do Brasil.

"também é importante destacarmos  entre inúmeros professores nomes como Olívio Montenegro, Frei Romeu Peréa e  do ex. governandor Agamenon Magalhães."

Como marco temos durante o ano de 1859 no Ginásio a visita do Imperador Dom Pedro II que ao fazer viagens a província realizou visitação e conferência ao ensino ministrado na instituição. No entanto, será apenas por volta do ano de 1866 (20 de dezembro) que o Ginásio Pernambucano se instalaria definitivamente na rua da Aurora mesmo que em situação de obras ainda inacabadas. Uma vez concluídas as obras o Ginásio Pernambucano passou a contar também em seu interior um belo  Museu  de História Natural, organizado pelo naturalista francês Louis Brunet, uma Biblioteca, fundada pelo professor João Regueira Costa e uma capela, construída por iniciativa do padre Francisco Rochael, onde eram rezadas missas aos domingos e dias santos. Também é importante destacarmos  entre inúmeros professores nomes como Olívio Montenegro e  do ex. governandor Agamenon Magalhães, Padre Frei Romeu Peréa e Clarice Lispector. Entre os alunos que  passaram pela instituição figuram personalidades do porte de Ariano Suassuna e Josué de Castro.


Breve mudanças

Foi durante o governo de Alexandre José Barbosa Lima, a partir  do Decreto de 1º de janeiro de 1893 o GP passou a chamar-se Instituto Benjamim Constant, fazendo-se a fusão do Ginásio com a Escola Normal, abolindo o internato e agregando vários cursos de caráter científico e profissional. Mas, alguns anos depois (junho de 1899), o Instituto foi extinto, voltando o nome Ginásio Pernambucano que permaneceu até 1942, quando passou a ser o Colégio Pernambucano e depois Colégio Estadual.  Apenas em 1974 pelo Decreto nº 3.432, de 31 de dezembro voltou a denominação atual na qual conhecemos. 

O Ginásio Pernambucano a  partir de 2004 vivenciou uma nova fase passa a funcionar como Centro de Ensino Experimental (CEE), um projeto idealizado por um grupo de empresários e educadores e realizado em parceria com o governo do Estado. 

Estudos arqueológicos e outras curiosidades sobre o GP

1 - No início de seu funcionamento, o esgotamento sanitário no Ginásio fazia uso dos serviços dos "tigres".

2 - Mas, anteriormente à chegada da água encanada, o Ginásio dispunha de sua própria fonte. Identificou-se através da pesquisa arqueológica, a existência no pátio interno, de uma grande cacimba, que por muitos anos atendeu pelo menos às necessidades de 'água de gasto' para o internato. Que atendia às necessidades de higiene de alunos e mestres, e muito provavelmente também à cozinha. Uma cacimba que teria funcionado pelo menos até a provavelmente até quando da implantação da "água encanada" no Ginásio, ou ainda até a determinação da Presidência da Província, para que fossem fechadas todas as cacimbas, no sentido de melhor combater as "febres" que assolavam o Recife. Em 1912 já se associava a presença de cacimbas às epidemias de febre amarela. E a Saúde Pública veio a decretar o aterramento das cacimbas. Fechá-las todas para melhor combater-se a doença. Fechava-se ou conservava-se clandestinamente.

3 - Ali se encontravam conservados muitos testemunhos arqueológicos das práticas cotidianas: apanhar água da cacimba para escovar os dentes no pátio. E as escovas utilizadas bem demonstram o status social daqueles alunos, das relações comerciais com a França, no que se refere aos artigos para toalete.

4- Trouxe também informações quanto às brincadeiras: piões, carrapetas, jogos de dados, de dominó; até mesmo jogos com bolas, apesar dos reclamos por mais espaço do colégio, para as atividades físicas dos alunos.

5-  Testemunhos dos instrumentos musicais utilizados provavelmente por alunos que integraram um dia uma das bandas musicais mais tradicionais do Estado: A Banda do Ginásio Pernambucano.

Assim, o ponto principal do trabalho desenvolvido na nova unidade visa formar profissionais para atender a demanda crescente desse importante pólo tecnológico.


ETE- Ginásio Pernambucano: ampliando uma marca

 "ETE Ginásio Pernambucano vai dialogar com o contexto tecnológico das empresas locais através da oferta do curso técnico em Desenvolvimento de Sistemas e Multimídia, na área de tecnologia da informação." 

Hoje, o Ginásio Pernambucano / Cabugá é a mais nova “marca” da educação pernambucana. Localizada no bairro de Santo Amaro, no centro do Recife, a nova sede da  ETE Ginásio Pernambucano dialoga com o contexto tecnológico das empresas locais através da oferta do curso técnico em Desenvolvimento de Sistemas e Multimídia, na área de tecnologia da informação.  Assim, o ponto principal do trabalho desenvolvido na nova unidade visa formar profissionais para atender a demanda crescente desse importante pólo tecnológico.

Fonte: Estudantes da ETE- Ginásio Pernambucano em visita a Biblioteca do Estado de Pernambuco para pesquisar no acervo da instituição - 2023. Crédito: acervo pessoal 


Fontes consultadas:

Arqueologia do Ginásio Pernambucano. https://www.brasilarqueologico.com.br/arqueologia-ginasio-pernambucano.php Acesso : 25/08/2022.

Documentação museológica: um diagnóstico para salvaguarda da memória do museu Jacques Brunet na atualidade. pernambucano/#!/map=38329&loc=-8.057902999999985,-34.8793217.

 Documentos históricos do Ginásio Pernambucano ficam sob a guarda do Arquivo Público do Estado http://www.educacao.pe.gov.br/portal/?pag=&cat=37&art=2961#!prettyPhoto[artigo2961]/0/ acesso: 04/09/2022

Ginásio Pernambucano troca tradição por experimentalismo. https://portal.aprendiz.uol.com.br/content/ginasio-pernambucano-troca-tradicao-por-experimentalismo Acesso : 25/08/2022

     Governo do Estado anuncia novas Escolas Técnicas - http://www.educacao.pe.gov.br/portal/?pag=&cat=3&art=5847 Acesso : 04/09/2022

·    Recife – Ginásio Pernambucano.  http://www.ipatrimonio.org/recife-ginasio- Acesso : 25/08/2022.

·    http://www.visserecife.com.br/patrimonios/patrimonio_27/index.html - Acesso : 15/08/2022


Cícero Souza

Pesquisador 
Professor  ETE - Ginásio Pernambucano
(Governo do Estado de Pernambuco - SEE)
Mestre Ciência da Educação (Universidade Lusófona Humanidades Tecnologia -ULHT- Lisboa/Portugal)

Doutorando Ciência da Educação (Universidade Nacional de Rosario - UNR/ Argentina)