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sexta-feira, 23 de abril de 2021

Tem Levino Ferreira, tem SóSucesso e tem frevo.

 Quanta surpresa. É comum quase sempre acreditar que nada mais nos surpreenderá mas de repente você recebe "aquela pancada" que vem de repente e te leva a refletir. Faz um certo tempo que conheci o trabalho produzido pela SóSucesso! e ao conversar com um dos componentes sobre a música e a musicalidade sempre me surpreendia por perceber o quanto "não sabia o que achava tanto saber". Por outra, era provocado a sair da "minha zona de conforto" musical e mais uma vez sempre sobrava para refletir cada vez mais e na última semana recebi o link do blog (SóSucesso!) que tratava de frevo (enquanto seus atores e autores) como também a musicalidade "que conhecemos; pensava que conhecia!

Pois bem, dessa vez a surpresa vem pelo fato do resgate de uma figura pouco lembrada, autor de músicas que quando criança "balbuciava", porém, sem saber de quem, quando ou mesmo o porquê! A segunda surpresa é que o texto-crítico da semana foi escrito por um jovem que nem ao menos era nascido quando eu ainda era criança e dançava no terraço da minha casa, mas esse jovem escreve com uma autoridade e qualidade que parece mais que não só estava naqueles carnavais dos anos 80, mas parece que organizou cada movimento daqueles tempos. Foi assim que me senti ao ler o texto do Mateus Otaku na SóSucesso!.

Quero aqui compartilhar o link da SóSucesso! e espero que leiam e digam se sentiram o que eu senti ao ler o mesmo texto. Segue abaixo o link para um belo texto!

https://www.youtube.com/watch?v=q6MO6-UzLFs

"Como tudo, talvez as nossas escolhas gerem controvérsias pelo método usado. Mas o que fazer quando o próprio nome do blog, e da equipe que faz o blog, são contrários aos fatos, ou seja, um blog e uma equipe que tratam fundamentalmente de um monte de, ér, digamos, peças fora da curva? foi triste. Esperamos, ao menos, que os textos lhe sejam agradáveis. Assim como a curadoria, claro. Pedimos, sem mais, que por ora deixem os ouvidos de lado, e ponham seus respectivos olhos nas mal traçadas que seguem, Isto é: leiam, garay!"(Equipe SóSucesso!)


Busca aqui no link -https://sosucesso.noblogs.org


Colaborações: SóSss: Levino Ferreira, por Mateus Otaku.


quarta-feira, 21 de abril de 2021

De Tiradentes a Bolsonaro: Que país é esse?

 

            Hoje é feriado e para você talvez não tenha tanta importância afinal vivendo em tempos tão turvos de pandemia e diariamente viver as incertezas de quando tudo isso vai parar, uma vez que, por um lado não suportamos mais contabilizar dimensão da quantidade de vítimas ou mesmo a lentidão por parte dos governos, principalmente federal, de articular um trabalho conjunto e uma campanha nacional de vacinação.
            Mas, para entender que país é esse ou que país "fazemos nascer" a cada dia será importante um breve mergulho na história e também compreender a formação dos "mitos e lideres" no campo do poder. É nesse horizonte que temos o dia 21 de abril como marca de um feriado nacional e a reverência a uma figura (de imagem incerta) mas que simboliza a ideia de uma "identidade nacional".

"Depois de um julgamento de fachada, seis acusados foram condenados à forca. Tiradentes foi o bode expiatório. Outros cinco receberam clemência e foram banidos para Angola. Tiradentes foi levado ao cadafalso em 21 de abril de 1792. Após ser enforcado, foi decapitado e teve a cabeça exibida numa estaca de Ouro Preto. (Skidmore, p.54)


FONTE:http://dombarreto.g12.br/portal/tiradentes-o-21-de-abril-e-a-construcao-de-uma-identidade-nacional/


"Mesmo expulsos do Brasil, alguns inconfidentes conseguiram construir suas vidas com sucesso.Tomás Antonio Gonzaga foi condenado ao degredo em Moçambique, mas recebeu tratamento especial: ficou hospedado na casa do Ouvidor." (Rodrigues, André. p. 24, 2011).

Fonte: Revista Nossa História. 2005, nº18, p.43

"A trajetória desses personagens  prova  que o degredo não foi drástico para todos os inconfidentes, como conta nos livros. Para alguns, ele foi  o estopim para uma retomada de suas vidas." (Rodrigues, André, p. 25, 2011).

            Dessa forma, quase cem anos depois, em plena República, a figura de um "mártir" é consolidada para legitimar um regime que surgia e para "unir" tantos brasileiros em nome de uma única causa. 
            Pensar nossos heróis é acima de tudo fazermos perguntas sobre suas trajetórias; não apenas o motivo de terem fim tão trágicos, mas, a partir da história saber porque estavam ali e quais interesses tinham. Pensar historicamente Tiradentes é saber também que depois de sua prisão e devassa se descobriu que aquele homem (que a História construiu como pobre) possuía bastante posses para a época. Você sabia? 
Pois bem, segundo historiadores "o cidadão" Joaquim da Silva Xavier era dono:  de sítios, várias cabeças de gado, explorava cerca de 43 jazidas, ocultando a maioria dos bens (como faziam homens da elite local) da Coroa portuguesa para não pagar os impostos devidos. No entanto,  ficou o mártir TIRADENTES, um homem pobre que simbolizava novos tempos da República que nascia.



                                       
FONTE:  https://www.todamateria.com.br/fernando-collor/



FONTE: https://escola.britannica.com.br/artigo/Luiz-Inácio-Lula-da-Silva/483342


FONTE: https://www.contatoonline.com.br/produtores-rurais-declaram-apoio-ao-presidente-bolsonaro/



                Portanto, pensar 21 de abril não consiste apenas saber que um "homem pobre" foi enforcado, que ele lembra Jesus (e, há uma explicação histórica para essa semelhança) mas é demais importante principalmente entender que país  estamos ajudando a construir. Afinal, saber qual modelo de sociedade desejamos. Deixemos os MITOS da política vagarem na escuridão e possamos trazer para a plena claridade melhores condições para a maioria da população. 
Se você já tem sua renda e estrutura garantida está na hora de deixar de negar a importância de fazer política e lutar para que possamos ter um país melhor e nunca forjado em figuras que vão ocupar o poder, "sangrar nossos recursos" e usar de uma retórica salvacionista. Como vimos, TIRADENTES, ele possuía muito gado. Porém, o mais importante nesse feriado é participar  para fazer um país mais justo para realmente quem precisa e mostrar principalmente que "NÃO SOMOS GADO".

"Será que valeu a pena tudo isso para pagar um salário de fome às empregadas domésticas e não ver mais pobres nos aeroportos, nos shopping centers e, principalmente, nas universidades? Afinal a educação, a saúde e a previdência, agora sucateada pelo Estado capturado, abrem caminho para que essas áreas se tornem o novo negócios dos bancos, que controlam agora crescentemente essas áreas também." (Souza, Jessé. p.234, 2017)


Fontes consultadas:

1- A elite do atraso: Da escravidão à Lava Jato. Souza, Jessé. 2017, ed. Leya.
2- Uma História do Brasil. Skidmore, Thomas. 2003, ed. Paz e Terra.
3- Revista  de História da Biblioteca Nacional. 2011, nº 67.
4- Revista Nossa História. 2005, nº18.

Sites:



Cícero Souza
Professor/Historiador
Mestre ULHT/Portugal.








domingo, 11 de abril de 2021

A morte do príncipe britânico e a História registrada.

 "Os centenários foram inventados no fim do século XIX."

(Hobbsawm, Eric. A era dos Impérios - 1875/1914, p.30)

 


    Abril de 2021 marca mais um importante momento para refletirmos quanto nosso papel nessa breve passagem e as heranças que deixamos. Também, momentos como o que vivemos e fatos que chegam via imprensa nos ajudem a buscar respostas não só espirituais mais também históricas.


"o príncipe Philip foi casado com a rainha Elizabeth II por mais de 70 anos." GETTY IMAGES.ttps://www.bbc.com/portuguese/internacional-56697226

      A sociedade britânica nesse instante lamenta a morte do príncipe Felipe de Edimburgo.(10/06/1921 a 10/04/2021). De descendência aristocrática grega logo se tornaria o marido da rainha Elizabeth II e por 57 anos desempenharia ao lado da esposa importantes momentos da nossa história, no entanto, ao mesmo ponto de buscarmos dados que marcam seu perfil de soberano é importante termos também habilidade de buscar na própria História o peso de suas decisões  para milhões de pessoas de centenas de países. Acompanhar um momento como esse é também a oportunidade de fazermos um resgate histórico e fazer da leitura e da pesquisa uma oportunidade de sempre aprendermos um pouco mais.

        Que Deus ilumine a passagem espiritual em momento como esse. Mas, que a História sempre contribua para que atrocidades cometidas jamais se repitam ou busque justificativas para ocultar a ganância e o etnocentrismo cultural.


Um breve resgate histórico

*A partilha da Ásia (1750)

Os britânicos chegaram à Índia por volta do século XVII e, gradativamente foram impondo seu poder usando principalmente a força. Assim, muitas vezes incentivaram conflitos internos na região gerando pequenas guerras contra marajás e nobabos, aliando-se a um ou a outro grupo de acordo com os interesses da coroa e dessa forma se apoderaram  de quase todo território Hindu.

CENTRAL PRESS/AFP VIA GETTY IMAGES   https://www.bbc.com/portuguese/internacional-56697226

*Britânicos na China (1820)

A presença inglesa na China está marcada pela venda forçada de ópio por parte dos britânicos e uma total recusa aos protestos da China. Em 1839, o conselheiro LIN ZEXU,  em nome do imperador reclamou diplomaticamente junto a rainha Vitória dos prejuízos que a droga estava causando ao seu povo e ao não ser ouvido lançaram ao mar 1,5 toneladas de ópio sendo rechaçado de imediato pelo governo inglês. Dessa forma, entre os anos de 1839/1842 e 1856 /1860 a Inglaterra declara uma forte guerra contra a China em que, após vitória dos britânicos os chineses foram obrigados aceitar as "pesadas condições" do Tratado de Nanquim.

Para não esquecer:

"Aproveitando dessas divisões, o governo britânico aposta, alternadamente na repressão e na negociação. Em 1930, uma segunda grande campanha de desobediência civil, marcada pela espetacular "marcha do sal"  termina numa nova prisão de Gandhi e em diversas "mesas redondas" que não dão em nada. Como resultado, o Reino Unido promulga em 1935 unilateralmente, um novo Decreto da Índia, um pouco mais liberal  que o de 1919 concedendo maior autonomia para as províncias e impondo a limitação do poder do vice-rei. Mas, o governo britânico continua recusando conceder ao pais o estatuto de domínio. 

(Do império britânico à comunidade britânica. Berstein & Milza. p 330, 2007)


Fontes consultadas:

Sites 

*Principe Philip morre aos 99 anos e causa comoção no Reino Unido. -https://www.youtube.com/watch?v=OYSLsFz3ibY

*A revolta dos Cipaios - o que você precisa saber. - https://www.youtube.com/watch?v=e1KXOX7j-eI

*Guerra do ópio: Imperialismo e tráfico de drogas. - https://www.youtube.com/watch?v=Ns8FjrcxPqk

BBC NEW - Príncipe Philip: 99 anos, 143 países e uma mulher muito famosa. https://www.bbc.com/portuguese/internacional-56697226


Livros:

História do século XX (1900-1945). Berstein, Serge & Milza, Pierre. Companhia das Letras, vol. 1, 2007. 576p.

A era dos Impérios - 1875/1914. Hobbsawm, Eric. Paz e Terra, 2007, 545p.

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Efeitos da ditadura na educação de Pernambuco


        01 de abril de 1964 a 01 de abril de 2021, temos hoje a marca de 57 anos da implementação da DITADURA CIVIL-MILITAR no Brasil fato que por sua vez deixou marcas até nossos dias atuais. Nos últimos 40 anos muitos pesquisadores buscaram levantar o que foi  esse momento na história brasileira, quem participou para seu "sucesso" financiando, delatando, torturando ou em outros  casos trabalhando nos bastidores e elaborando uma legislação cada vez mais restritiva como o AI- 5 imposto em 1968.
        Por sua vez, outros especialistas trataram de investigar o papel da repressão (DOPS-PE), de políticos, sindicatos, da Igreja Católica e Protestante. Diante amplitude de pesquisas (teses, dissertações e livros publicados) e bastante conhecido do grande público trago nesse momento um "outro olhar" e que carece ainda de uma melhor investigação; trato do papel da escola e da legislação organizada pelo aparelho estatal visando manter controle e evitar qualquer possibilidade de uma reação partindo do aparelho ideológico sob seu controle. Nesse tempo professores, alunos, pais e toda comunidade apesar da "aparente liberdade" passavam a ser e ter seus passos minimamente vigiados ou reprimidos (quando necessário).
    Assim, o que temos e o que somos quando pensamos espaço escolar só será possível compreender buscando conhecer a nossa própria história e não nos prendermos ao "mero negacionísmo".
    Trago nesse momento pequenos fragmentos da minha dissertação defendida em 2016 intitulada "Retrato de professores: Associativismo docente em Pernambuco - 1979/1982" e espero despertar uma curiosidade para leitura de um período da nossa história que precisa ainda ser minuciosamente estudado. 
        Agradeço aos participantes (professores entrevistados, jornalistas e funcionários de instituições que apoiaram estudo), a minha orientadora Dra. Maria das Graças  Ataíde de Almeida e aos leitores que a cada pergunta nos estimulam a buscarmos respostas e resgatar quem realmente somos.

Obrigado.

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"A partir da análise do acervo montado pelo DOPS/PE foi possível fazermos um resgate da mobilização docente deflagrada em Pernambuco entre as décadas de 1950 e 1960. Quando buscamos fazer uma análise dessa documentação, constatamos que a vigilância policial se fazia presente não apenas junto aos professores que assumiram o movimento grevista, bem como, todo aquele que colocasse em pauta problemas que afetavam o conjunto da categoria docente e o descaso do governo para solucionar as questões," (Souza, Cícero. 2016, p.34)


"Temos, a partir de fragmentos do cotidiano de vida de três professores um contraponto ao discurso oficial produzido pelo Estado. Esse ponto de desconstrução encontram-se presente quando: a professora Luci Machado registra o excesso de alunos nas salas de aula, a dificuldade de obter material didático no local de trabalho, tendo que levar o seu próprio; a professora Helena Lopes, que por mais de uma década exerceu a função de diretora escolar destaca as condições em que recebeu a escola para desenvolver seu trabalho, como também ausência de qualquer trabalho ou projeto pedagógico junto aquela comunidade; Já a professora Francisca Florentina “Morena” resume todo um conjunto de dificuldade que identificara nas escolas em que visitou como integrante do movimento sindical do qual participava a partir do novo grupo que assumira à APENOPE." (Souza, Cícero. 2016, p.185)


"Quanto à organização ambiente escolar, a sociedade passava a conhecer a partir dos Relatórios oficiais um ambiente limpo, disposição de material didático, alunos dentro de um quantitativo propício ao ensino de qualidade. Nada próximo ao que ficou registrado nas memórias das docentes que de alguma maneira representavam desejos e angústias das várias “Helenas, Lucis, Porpinos ou mesmo Morenas” (Souza, Cícero. 2016, p.185)


Fonte: Relatório da Secretaria de Educação  de Pernambuco /1979-1982. Governo do Estado de Pernambuco. /SE-PE. 1982, p.32. Acervo da Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco/BPE.(Souza, Cícero. 2016, p.94)



"O Estado ao tentar mostrar ser homogêneo todo ambiente escolar (área rural e urbana), padronizando realidades dos professores, colocando alunos de uma unidade escolar distante como imagem de um conjunto do Sistema de Ensino a Secretaria de Educação de Pernambuco busca na verdade construir, a invisibilidade dos professores da Rede Oficial de Ensino. Por outro lado, muitas vezes essa postura acaba sendo traída pelo próprio contraste das imagens quando apresentadas diante uma mesma atividade exigida no currículo escolar." (Souza, Cícero. 2016, p.191)

Fonte: 
Souza, Cícero. Retrato de professores: Associativismo docente em Pernambuco - 1979/1982. Universidade Lusófona, Lisboa/Portugal,2016. 



Cícero Souza
Professor da rede pública de ensino /SEE-PE
Mestre Ciência da Educação - ULHT - Lisboa/Portugal.
Doutorando Ciência da Educação - UNR/ Argentina.
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