"Nesta sexta-feira (31/3), fazem 59 anos do golpe de Estado que instalou a ditadura militar no Brasil, em 1964. Nos últimos quatro anos, a comemoração do ato tirano foi estimulado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Agora, o comandante do Exército, general Tomás Paiva, disse a interlocutores que os oficiais que celebrarem a data poderão ser punidos."
(Correio Braziliense - 31/03/2023)
"O golpe de Estado no Brasil em 1964 foi a deposição do então presidente brasileiro, democraticamente eleito, João Goulart. O ato ilegal marcou o início da ditadura militar no país — que se estendeu por 21 anos. De caráter autoritário e nacionalista, o sistema impunha censura sobre a produção cultural e intelectual do país. O Congresso Nacional também foi fechado."
(Correio Braziliense - 31/03/2023)
1964
Na semana que antecede o golpe, o cenário político brasileiro é tenso.
Acontece a ‘Revolta dos Marinheiros’, no Rio, liderada pelo cabo Anselmo, que exaltou as “reformas de base contra a miséria dos explorados do campo, da cidade, dos navios e dos quartéis”. Jango apoia os revoltosos e agrava a crise com os militares, que já planejam a esta altura a tomada do poder.
Os principais personagens
Humberto de Alencar Castello Branco
Militar, cearense de Fortaleza foi chefe do Estado-Maior do Exército de 1963 a 1964. Assumiu a Presidência em 1964 e ficou até 1967. Seu governo foi marcado pelo uso da violência e pela censura. Nele foi criado o Serviço Nacional de Informações, e os poderes do Executivo foram ampliados por meio de atos institucionais.
Lyndon Johnson
Vice-presidente de John F. Kennedy, assumiu a Presidência dos EUA em 1963, quando Kennedy foi assassinado. Em 1964, ele foi eleito presidente. Em 20 de março daquele ano, autorizou a formação de uma força naval para intervir na crise brasileira. Era a Operação Brother Sam, como ficou conhecida, que pretendia fazer uma esquadra chegar a Santos (SP) para abastecer os revoltosos de armas e combustível. Os EUA foram grandes aliados dos militares na instalação do golpe.
Carlos Lacerda
Jornalista e governador do antigo Estado da Guanabara (atual Rio de Janeiro), Lacerda fez intensa campanha anticomunista nos jornais no período que antecedeu o golpe. Logo depois, apoiou a candidatura de Castello Branco à Presidência. Chegou a viajar para a Europa para divulgar os objetivos do novo regime, mas se afastou quando percebeu estar sendo excluído das principais decisões políticas. Desligou-se definitivamente do regime após a suspensão das eleições diretas em 1965.
Liderou a Revolta dos Marinheiros, em março de 1964, colocando-se em defesa de dirigentes sindicais que seriam presos e a favor das reformas de base. Após o golpe, aproximou-se de grupos de oposição ao regime, tendo atuado como agente duplo da ditadura.
A cronologia dos fatos
23.jan.1964
Em cerimônia realizada no Palácio das Laranjeiras (no Rio), o presidente João Goulart, mais os três ministros militares, assinam convênio com a Supra (Superintendência de Reforma Agrária), tendo em vista as desapropriações de terras.
15.mar.1964
Jango encaminha mensagem ao Congresso, na qual sugere uma reforma constitucional ampla, com reforma agrária e universitária, com todos os alistáveis elegíveis (inclusive os analfabetos) e com um plebiscito para apurar a vontade nacional sobre as reformas de base, além do pedido para que o Executivo possa legislar, através de delegação feita pelo Congresso.
19.mar.1964
O governador da Guanabara, Carlos Lacerda, acusa Jango de não querer a realização das eleições de 1965 para perpetuar-se no poder com o apoio dos comunistas.
Meio milhão de pessoas vão às ruas na “Marcha da Família com Deus, pela Liberdade” da praça da República até a Sé, em São Paulo. Movimento é considerado até então a maior manifestação popular já vista no Estado de SP. A marcha tem contornos políticos, com pessoas pedindo a preservação da Constituição, a manutenção do regime democrático e o impeachment de Jango.
30.mar.1964
Em nota oficial, o ministro Paulo Mário da Cunha Rodrigues diz que reexaminará todos os acontecimentos que resultaram na atual crise, com a abertura de três inquéritos.
O senador Juscelino Kubitschek, em entrevista a jornalistas em Belo Horizonte (MG), ressalta a atuação de Jango na crise na Marinha e afirma não haver “possibilidade de golpe”.
Jango discursa no Automóvel Clube, no Rio, para suboficias e sargentos sobre a necessidade de reformas de base (sobretudo agrária, tributária e eleitoral)
Fontes para ampliar conhecimento:
Militares que comemorarem golpe de 1964 poderão ser punidos pelo Exército